Um “ corte de pano” e um brinquedo, assim era o Natal! Graças ao saudoso Olavo Barbosa
Deixo aqui registrado meus agradecimentos ao grande Olavo Barbosa, um homem muito bem sucedido na vida, considerado um dos homens mais ricos de Guaxupé e região, porém dotado de um coração enorme e um amor incontestável ao próximo.
Durante minha infância, quantas vezes chegava época do Natal, sequer tinha arroz e feijão para comer, aí minha mãe, com intuito de alegrar nosso Natal, dizia para mim e meu irmão, “… Vamos comer o arroz e o feijão e sentir o cheiro da carne assada do vizinho, experimente para vocês verem, é maravilhoso…”
E realmente comer sentindo aquele cheiro de carne assada, era maravilhoso! Assim, fomos adaptados a sobreviver, nossas roupas eram roupas ganhadas e não importava o tamanho, pois minha mãe sempre de posse de uma agulha, ajustava a largura e as barras.
Mas mesmo diante dessa situação de pobreza, sempre aguardávamos ansiosos o Natal, contávamos dia após dia, e quando o Natal chegava era como se um sonho estivesse realizando.
Pois no dia 25 de Dezembro, nosso tão querido e estimado Olavo Barbosa, acompanhado de sua linda esposa, faziam questão de irem pessoalmente, se não me engano no Clube dos Operários e distribuir a todas as crianças, sem exceção de raça, cor ou classe social, um belo presente de Natal! Que sempre era um brinquedo e um “corte de pano” (nome dado antigamente a uma metragem de tecido equivalente para fazer uma peça de roupa). O brinquedo sempre era para o menino um carrinho e para as meninas uma boneca.
Também durante a entrega dos presentes, era uma grande festa, tinha balas, pirulitos, coisas simples para muitos, mas para nós que não tínhamos, era uma grande riqueza.
Após o fim da grande festa, íamos embora felizes, cada um com seu brinquedo e ansioso para ver a cor do tecido, para saber se a roupa ficaria bonita ou não, pois seria a única roupa nova para passar o ano.
Daí então minha mãe de posse do tecido, confeccionava nossa roupa, como se estivesse realizando nosso segundo sonho, o sonho da calça nova, que depois de confeccionada, nossa alegria tornava se completa.
A imagem que tínhamos do Olavo Barbosa era enorme! Víamos Olavo Barbosa, como uma pessoa maravilhosa, carregada de amor e bondade, Até hoje, depois de mais de 30 anos , ainda trago a mesma admiração.
Por isso, eu digo que a felicidade, não é acompanhada de dinheiro e sim de momentos! Pois essa felicidade, que Olavo nos oferecia, ele também recebia, pois era visível a felicidade dele e da esposa ao ver aquelas crianças felizes.