Aprendi com a corrida que a vida é um desafio
Como estamos em época de pandemia e esse espaço sobre corridas, ficou meio parado, resolvi escrever um pouco sobre a uma corrida que participei, foi na corrida da Unimed que minha vida esportiva começou a mudar.
Mais ou menos no ano de 2016, eu e minha esposa Dara, estávamos correndo no Guaxupé Country Clube, treinávamos todos os dias, porém sem marcar tempo, ritmo e Km. Nós corríamos a velocidade e tempo que suportávamos, porém sem marcar nada.
Não tínhamos nenhuma pretensão em participar de provas, pois minha primeira experiência em corrida de rua foi em 1996. E havia sido muito desastrosa e não pretendia passar por aquilo novamente e nem queria aquele constrangimento para Dara.
Na época, eu havia acabado de formar na PMMG, fazia 2400 metros em 08 minutos e 45 segundos, resolvi então participar de uma prova de 10 km, sem nunca ter corrido 10 km.
Foi muito constrangedor, eu fui o último a chegar, ficando somente a ambulância, andando vagarosamente atrás de mim, eu caminhando e a cara queimando de vergonha. Nesse dia prometi a mim mesmo, que nunca mais iria a uma corrida de rua.
Mas como estávamos treinando direto, e ainda pedalávamos, um dia um amigo me convidou para participar da corrida da Unimed, que seria de 7 km, eu disse que não ia, pois tinha medo da Dara não pegar pódio e como ela estava focada, desanimar e não querer treinar mais.
Mas na verdade eu tinha medo e de me decepcionar e deixar a Dara decepcionar, como eu havia decepcionado em 1996.
Esse meu amigo me olhou com um olhar meio de desprezo e deboche disse: “…Quem disse que a Dara conseguirá ou tem alguma chance de conseguir pódio? Ela não tem chance alguma, lá é só para participar mesmo…”
Eu até concordei com ele, mas levei meio que no desafio, e decidi então participar.
Cheguei em casa, já convenci Dara a participar, fiz a inscrição minha e dela e fomos treinar.
Como já faltava um mês para prova, iniciamos um trabalho árduo .
Todos os dias, nós que não tínhamos nada para marcar a distância, saíamos correndo da Catedral de Guaxupé e fazíamos o percurso da corrida e durante 30 dias até 2 dias antes da corrida, fizemos 30 vezes o percurso da prova, a meta era cada dia, melhorar mais que o outro e assim foi.
Hoje sei que esse método foi errado, porém na época era a única saída que tínhamos para vencer o desafio.
Por surpresa, no dia da corrida, a Dara em sua primeira prova, chegou em oitavo lugar na categoria geral, chegando em sua frente apenas sete corredoras, que já faziam parte da elite de corrida.
Dara também foi a primeira corredora de Guaxupé a cruzar a linha de chegada e pegou primeiro lugar em sua categoria.
Foi a partir desta corrida, que passamos a participar de outras e buscar técnicas.
fiz alguns cursos de especializações, fiz curso com Ronaldo Dias, campeão brasileiro e sul americano de atletismo em prova de 5000 mil metros e também foi treinador da Seleção Brasileira de Atletismo, com ele aprendi a distribuir e periodizar treinos.
Também tive oportunidade, de conhecer e fazer curso com Clodoaldo Lopes do Carmo, treinador olímpico e ex-atleta olímpico dos 3000 metros com obstáculos. Clodoaldo treina importantes atletas brasileiros, entre eles Altobeli Silva, que foi medalhista de ouro no Pan Americano 2019, em Lima (Peru) nos 3000 metros com obstáculos e prata nos 5000 metros.
Conheci Giovanna Costa Martins e fiz um curso com ela, educadora física, atleta que teve sua carreira consagrada por ser penta campeã de maratona da Disney.
Hoje tenho orgulho em dizer, que já a recebi em minha casa e também já tive oportunidade de conhecer a casa dela e considero hoje minha amiga. Giovanna até hoje, continua me ensinando tudo sobre corrida e me preparando dia após dia.
Também fiz outros cursos, como biomecânica da corrida e fisiologia da corrida, e hoje participo de fóruns de orientação de corrida e faço artigos de orientações e técnicas de corrida.
Mas meu maior prêmio, foi poder fazer de meu filho um atleta, que ao ver o pai e a madrasta correndo, também interessou em correr, e hoje, ocupa lugar de destaque na corrida.
Já minha esposa, hoje todas as corridas que participa, consegue pódios na categoria geral, dentre eles, vários em primeiro lugar.
Mas tudo iniciou, no dia em que transformei o veneno em remédio. E foi diante de uma frase negativa de um amigo, que pude provar pra mim mesmo, que a vida não era daquele jeito, a vida era um desafio, e mudando aquela corrida, mudei toda história.